Por Fúlvio Costa
15 / Nov / 2012 14:45
"O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está a unificar a humanidade, transformando-a — como se costuma dizer — na ‘aldeia global’. Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais”.
Foi com esta frase da Encíclica Redemptoris Missio (n. 37) do papa João Paulo II, que o jornalista e assessor político da CNBB, padre Geraldo Martins Dias, deu início às atividades do 2º Encontro de Formação Missionária para Coordenadores, Animadores e Assessores de Comunicação dos Conselhos Missionários Diocesanos e Paroquiais (Comidis e Comipas). O evento teve início nesta quarta-feira, 14, no CCM, em Brasília e reúne 36 pessoas de várias regiões do país. É promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM) e pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM).
Em suas colocações, Geraldo enfatizou que a Igreja precisa apostar nos meios de comunicação para levar a mensagem cristã. Por isso, os comunicadores, de modo especial os missionários, que são os responsáveis pelo anúncio do Evangelho, devem estar atentos ao areópago do “mundo das comunicações”, conforme cita o documento de João Paulo II e o epicopado latino-americano. “Sem um aprofundamento da comunicação, todo trabalho evangelizador, toda missão, terá menos força do que pode ter. O Documento de Puebla já definiu isso de maneira muito feliz dizendo que evangelizar é comunicar”, afirmou.
Segundo o assessor, discutir comunicação com coordenadores de conselhos missionários é positivo, uma vez que eles estão à frente das ações missionárias e a comunicação passa necessariamente pelo seu trabalho. “A comunicação é o eixo central de tudo aquilo que nós fazemos e trazer os missionários aqui para discutir o que nós entendemos por comunicação é fundamental porque nós podemos correr o risco de achar que nos comunicamos, mas na verdade às vezes não o fazemos”.
Com um texto introdutório do livro “Até que ponto, de fato, nos comunicamos?” do pesquisador Ciro Marcondes Filho, Geraldo questionou os participantes sobre o sentido da comunicação e o seu significado nas atividades missionárias. “Comunicação não é mera informação, não é mera difusão de fatos pelos veículos, a comunicação é algo mais profundo. Implica a ligação com o outro. Quando a pessoa se dá a conhecer ao outro. Isso é processo. Será que nós como missionários estamos nos doando como devemos para comunicar e levar a Boa Nova?”, questionou. “Se identificar com o outro sem subjugá-lo é o ponto chave do missionário”, disse o assessor citando outro documento.
Concorda com padre Geraldo, Ari Kennedy Perereira, da arquidiocese de Brasília. Ele também entende que fazer Missão passa necessariamente pela boa comunicação. “Quando vamos ser missionários, primeiro devemos interagir com a cultura do povo para poder transformar nós mesmos. Essa relação nos aproxima e faz com a gente compreenda o signifcado do outro através da comunicação”.
“Não é possível fazer Missão sem comunicação”
Padre Geraldo apontou que as novas tecnologias da informação com toda a sua importância, jamais poderão substituir a essência do ser humano, indispensável para a Missão: “as relações interpessoais, o contato, a emoção. Porque aí mora a diferença”. O diretor nacional das POM, padre Camilo Pauletti, questionou o assessor sobre as motivações que levam a comunicação humana a se tornar cada vez mais mecânica e menos interpessoal. “Somos resultado do modelo de economia adotado. Da falta de tempo para as pessoas, da agenda lotada e queremos resolver tudo em menos tempo. Com isso acabamos perderdo o essencial que é a relação interpessoal. Às vezes é preciso nadar contra isso, pois também faz bem”.
Para a leiga Damiana Santos de Lima, de Quixadá (CE) não é possível fazer Missão sem comunicação, uma vez que um depende do outro para se concretizar. “O mandato missionário feito por Jesus feito no Evangelho de ir e fazer de todos os povos seus discípulos, indo ao encontro do outro se faz necessário. Precisamos nos comunicar com nosso jeito de ser, nossa linguagem, estando presente, se identificando com a realidade do outro e o entendendo. Por isso não é possível fazer Missão sem essa ligação profunda com a comunicação”.
O assessor político da CNBB fez ainda um caminho pela história da comunicação na Igreja Católica e pincelou a evolução desse processo ao longo dos séculos até chegar aos dias atuais. Pontuou diversos documentos eclesiais sobre o tema até chegar ao Documento de Aparecida que nos convida a entender o ciberspaço como ambiente fecundo para a Missão. “É necessário entendermos esse espaço, pois esses meios podem estar também a serviço da evangelização. Devemos entender, sobretudo, o mundo virtual como espaço, ambiente, onde precisa ser anunciado o Evangelho”.
Fonte:http://www.pom.org.br
Fonte:http://www.pom.org.br
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